Wednesday, August 29, 2007

A Secura da Alma

A Secura da Alma
Mc.11.12-14, 20-26

Estamos diante de uma passagem do ministério de Cristo que é no mínimo inquietante. Jesus amaldiçoando uma figueira a qual secou em pouco menos de 24h. Neste fato muitos incrédulos chegam a duvidar do caráter amoroso de Jesus, e que Ele cometeu um crime ecológico.
A primeira pergunta que salta aos nossos corações é: como pôde Jesus fazer isso, justamente Ele que nos ensina a sermos amorosos e pacientes? As perguntas continuam... Como pôde Ele fazer isso com aquela figueira sendo que ela não tinha figos “...porque não era tempo de figos” (v.13)?
Apresentaremos dois motivos pelos quais o Senhor Jesus fez esse milagre. Por enquanto quero que você guarde em seu coração a seguinte resposta: Ele amaldiçoou a figueira e não cometeu pecado algum fazendo isso. Ele é Deus, é o dono desse mundo e pode interferir na natureza quando e como quiser sem ter que dar satisfação para quem quer que seja. Ele não cometeu nenhum crime ecológico. Crimes ecológicos cometem os homens que destroem florestas inteiras por conta de sua ganância, que poluem rios e a atmosfera, constroem cidades mal planejadas; mas, Jesus não! Dele é tudo, e Ele pode fazer o que quiser daquilo que Lhe pertence.
De posse dessa informação, podemos caminhar para o segundo motivo pelo qual Jesus fez isso. Note que a narrativa do texto apresenta Jesus amaldiçoando a figueira (v.12-14), em seguida fala da purificação do templo (v.15-19), e volta para o dia seguinte quando eles passaram pela figueira que havia secado, e nesse momento o Senhor Jesus responde a Pedro quando este se admirou em ver que a figueira havia secado de um dia para o outro (v.20-26). Precisamos prestar muita atenção a essa seqüência se quisermos compreender o que o texto tem a nos ensinar.
O milagre aqui narrado é uma parábola dramatizada, ou seja, essa figueira simbolizava o povo de Israel. Assim como uma figueira frondosa, mas, sem frutos era Israel. Basta prestarmos atenção no quê Israel transformou o Templo do Senhor; nas palavras do próprio Senhor Jesus “Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores” (v.17). Israel desviou-se do propósito de Deus para si. Assim como aquela figueira era repleta de folhas, mas, sem nenhum fruto, Israel tinha uma intensa atividade religiosa, mas, sem um compromisso de amor real com Deus.
Há ainda uma explicação quanto a falta de frutos na figueira que torna ainda mais significativa essa associação com Israel. As figueiras no hemisfério norte (como é o caso da Palestina) produzem seus frutos grandes no final de agosto a outubro. Mas os primeiros figos que são bem menores e que começam a aparecer simultaneamente com as folhas surgem por volta do mês de março. Foram esses frutos de março que Jesus esperava encontrar nesta figueira. Dessa forma, havia frutos quase que o ano todo. A mesma expectativa Deus tem para conosco – sempre encontrar frutos em nós.
Entendendo essa comparação, agora poderemos ir para os v.20-26, onde o Senhor Jesus nos traz um ensinamento muito profundo e importante a fim de não acontecer conosco o mesmo que aconteceu a essa figueira (figurativamente) e com Israel (literalmente), a saber: A secura da alma. E é sobre isso que quero falar com a Igreja nesta ocasião.
A secura dessa figueira foi o estágio final de sua existência. Ela estava repleta de folhas, mas, sem nenhum fruto sequer. A falta de frutos trouxe a ela a maldição da secura. Se seguirmos essa mesma lógica quanto à nossa vida espiritual podemos concluir que: se a nossa vida é uma vida só de aparências, mas, sem qualquer compromisso de amor real com Deus, não produziremos frutos, e se não produzirmos frutos, fatalmente secaremos por dentro. Restar-nos-á somente um milagre de Deus para renovar nosso coração.
Se você sente que sua alma está secando, que estão lhe faltando os frutos os quais Deus espera de sua vida, então preste atenção e veja como você pode evitar a secura da sua alma.

1) Tendo fé em Deus, v.22
Era a manhã da terça-feira da semana em que Jesus haveria de ser crucificado. No dia anterior, os discípulos viram Jesus amaldiçoando a figueira. Agora, na manhã seguinte, passando perto dela viram-na seca.
Pedro se admirou com a rapidez que a figueira secara. Ao que lhe acudiu o Senhor Jesus dizendo algo que aparentemente, nada tinha a ver com o que Pedro falara.
O Senhor então lhes falou sobre o poder da fé. Se tivessem fé em Deus poderiam transportar o Monte das Oliveiras para o meio do mar. Obviamente, aqui o Senhor está mostrando que se crermos em Deus de verdade veremos muitos milagres e a manifestação tremenda do Seu poder. Mas, devemos observar que a fé tem de estar centrada em Deus! Tem gente que tem mais fé na fé do que fé em Deus. A fé por mais forte e vibrante que seja, se não estiver centrada em Deus não resultará em nada.
Talvez você tem se sentido seco em sua alma mesmo havendo confessado o Senhor Jesus como seu Salvador e Senhor. Mas, até mesmo os mais sinceros e experientes servos de Deus passam por momentos de secura na alma. Não desanime! Clame ao Senhor para que lhe aumente a sua fé!

2) Orando confiante, v.24.
Um coração que crê, ora. Um coração que ora, também crê. Não vamos discutir aqui a intensidade desse crer. O que quero ressaltar aqui é que a oração é um ato de fé. Por menor que seja a fé de uma pessoa, ela é impulsionada à oração; e quanto mais essa pessoa pratica a oração, mais desenvolve sua fé. Porque a oração é um exercício de confiança e dependência de Deus.
Por isso mesmo o Senhor Jesus diz: “Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco”. Observe que Ele disse que no momento em que você estiver orando, creia que o seu pedido já foi ouvido e atendido, e não que ele será ouvido e atendido.
Talvez você vá me dizer que já orou assim muitas vezes mas não aconteceu assim. Devo lembrá-lo que precisamos orar de acordo com a vontade de Deus para sermos ouvidos por Ele (1Jo.5.14). Infelizmente, “...não sabemos orar como convém” (Rm.8.26). Mas, quando orarmos sob a dependência do Espírito Santo, sejamos confiantes no poder de Deus para recebermos de Suas mãos o nosso pedido. Mais uma vez o Senhor Jesus frisa a importância da fé estar centrada em Deus para podermos receber Suas bênçãos. A oração revigora nossa alma. Mas ela deve ser praticada juntamente com o perdão.

3) Perdoando sinceramente, v.25 e 26
O Senhor Jesus adverte que quando estivermos orando a Deus, é necessário vasculharmos o coração para vermos se há em nós algum ressentimento, mágoa ou rancor em relação a alguém. Se encontrarmos tais coisas em nosso coração, então liberemos o perdão, e também peçamos perdão a Deus porque estamos pecando guardando tais coisas dentro do coração. Eu conheço muitas pessoas que tiveram suas vidas definhadas, seus corações enfraquecidos a ponto de se afastarem de Deus porque não perdoaram aqueles que lhes ofenderam.
As palavras de Jesus nestes versos estão em pleno acordo com as que Ele disse lá na oração dominical, “O Pai Nosso”, ou seja, o perdão de Deus para conosco depende do nosso perdão para com os que nos ofenderam “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado os nossos devedores” (Mt.6.12); enquanto que aqui Ele diz: “...perdoai para que o vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (v.25). Avaliemos nossa vida agora. Há em nosso coração alguma raiz de amargura contra alguém? Se houver então perdoemos, pois, só assim experimentaremos o perdão de Deus que revigorará a nossa alma.

Conclusão
Deus tem para nós vida abundante. Não permitamos que a falta de fé, de oração e de perdão nos leve à secura espiritual. A promessa que o Senhor tem para nós é maravilhosa. Vejamos Is.58.11: “O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam”. Amém!

Sermão proferido em São José dos Campos, 26/08/2007
Pr.Olivar Alves Pereira

Sunday, August 05, 2007

A Semeadura da Palavra

Na minha experiência como pregador do Evangelho e expositor da Palavra de Deus, um estilo literário que me fascina sempre é o estilo das parábolas. Elas estão presentes no Antigo Testamento, mas, é no Noto Testamento, em especial nos discursos do Senhor Jesus que elas aparecem muitas vezes. E como podemos ver nos v.2,11 e 12 as parábolas foram utilizadas por Cristo para instruir Seus discípulos, mas, “...aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles”. Essa declaração causa certa estranheza ao nosso coração, especialmente, porque é difícil concilia-las com o caráter amoroso do nosso Senhor Jesus.
Primeiramente, para resolvermos esse impasse, precisamos entender quem são os “de fora” mencionados por Jesus. Quando Jesus mencionou os “de fora” referia-se num sentido mais restrito aos fariseus e escribas, que apesar de serem conhecedores da Lei e até doutores, não conseguiam compreender o simbolismo de uma simples parábola, justamente, por causa da incredulidade deles para com Jesus. Num sentido mais abrangente, os “de fora” são todos quantos não crêem em Jesus, a despeito da clareza e simplicidade da mensagem do Evangelho.
Em segundo lugar, precisamos admitir que “o mistério do reino” (v.11) é dado a conhecer somente àqueles a quem o Senhor quer dar a conhecer. É importante destacarmos que é o Senhor quem dá (ou não dá) a conhecer a quem Ele quer.
Voltando nossa atenção à parábola desse texto, podemos constatar que ela aparece com sua explicação de forma muito clara, o que nos leva a evitar a fatídica tendência que se tem em interpretar os detalhes de uma parábola e esquecer o ponto central da mesma.
O ponto central dessa parábola diz respeito à pregação da Palavra. Erroneamente, os editores colocaram um título que não faz jus ao ensinamento principal dessa parábola. Por isso prefiro o seguinte título que apresenta com mais clareza o ensino central dessa parábola: A Semeadura da Palavra, sobre o que haveremos de meditar nesta ocasião.
Quero concentrar-me em dois aspectos dessa parábola, tendo em vista que a mesma por si só dispensa qualquer explicação dos seus pormenores, pois Cristo já o fez.

1) Os inimigos da semeadura da Palavra, v. 15-19.
“O semeador semeia a palavra” (v.14). Quem é o semeador? Para não incorremos nos risco de sermos reducionistas em nosso pensamento, afirmamos que “o semeador” é todo servo de Deus que Lhe é obediente, que sabe que tem o dever e o privilégio de ser um pregador do Evangelho e anuncia-lo aos demais pecadores.
Dessa forma, quando um servo de Deus anuncia o Evangelho (“o mistério do reino”), este cai como sementes lançadas em vários tipos de solo. Aqui no texto são listados quatro tipos de solo: (1) o da beira do caminho, (2) o rochoso, (3) o espinhento, (4) o de boa terra. Estão em questão aqui os três primeiros tipos de solo; o quarto tipo ficará para o próximo ponto dessa mensagem.
O primeiro inimigo é Satanás. A Palavra que cai no solo à beira do caminho, é comida pelos pássaros (v.4) que simbolizam aqui Satanás (v.15). Satanás não tem poder, autoridade e liberdade para agir como quer. Ele sempre é cerceado por Deus em suas atividades malignas. Mas, quando um coração se mostra insensível para com a Palavra de Deus, que apenas escuta, mas, não atende e nem obedece à Palavra, torna-se presa fácil para Satanás, que incute em seu coração incredulidade.
O segundo inimigo é superficialidade na fé. O Senhor Jesus aponta aqui para aquelas pessoas que abraçam a fé num primeiro momento, com muita alegria. De fato, a alegria é o primeiro sinal de que alguém abraçou a fé em Cristo. Mas uma fé que tenha somente a alegria como base corre sério perigo. A fé precisa lançar raízes profundas por meio da constância na busca do conhecimento de Deus. Uma pessoa que se satisfaz com apenas as mensagens dominicais, que não investe seu tempo na leitura e estudo da Palavra, que não desenvolve uma vida de oração sincera e apaixonada, e que também não põe em prática o que aprendeu, corre o risco da superficialidade. Bastarão as primeiras tribulações, as primeiras lutas e “logo se escandalizam” (v.17), ou seja, tropeçam.
O terceiro inimigo é preocupação. O solo espinhento aqui indica aquela pessoa que se vê gananciosa, avarenta, tomada por desejos carnais. Tudo isso gera no coração dessa pessoa uma preocupação avassaladora. “Os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições”, disputam, concorrem com a Palavra de Deus pela atenção do coração humano. Os resultados que essas coisas prometem são chamativos, porém, transitórios; o que a Palavra de Deus nos promete é eterno. O que a Palavra de Deus nos promete não tem nenhum imediatismo, antes, nos ensina a esperarmos o tempo de Deus, mas, sempre vale a pena.
Todos esses tipos de solo simbolizam o coração humano. Além disso, é importante lembrar, que esses inimigos não são os únicos responsáveis pelo prejuízo causado. A responsabilidade recai sobre cada coração que se mostra insensível, superficial e preocupado.

2) A boa terra, v.20
O quarto tipo de solo descrito pelo Senhor Jesus Cristo, é o da boa terra. Aqui o Senhor Jesus retrata o coração que é receptivo à Palavra. Podemos dizer que ele é uma antítese dos outros três tipos de solo. Ele tem como característica principal o ser produtivo e fértil. Para isso:
Ele é crente e sensível à Palavra. Recebe a Palavra de Deus com fé, completamente o oposto do coração representado pelo solo da beira do caminho que está tomado pela incredulidade e insensibilidade.
Ele tem profundidade na fé. O coração simbolizado pelo solo rochoso é superficial, é fútil. Suas raízes lembram as palavras do profeta Jeremias 17.8: “Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto”.
Ele é perseverante. O melhor remédio para a preocupação é a perseverança. A Palavra nos manda priorizar o Reino de Deus. Aquele que põe Deus em primeiro lugar em seu coração frutifica. Uma vida espiritual frutífera trilha os caminhos da obediência, perseverando na presença do Senhor e cuidando para que seu coração não seja atraído, iludido e fascinado pelos “cuidados do mundo fascinação das riquezas, e demais ambições”. Narrando a mesma parábola, Lucas afirma que os corações simbolizados pelo solo espinhento até produzem frutos, mas, “os seus frutos não chegam a amadurecer” (Lc.8.14). Ao contrário, os corações que são simbolizados pela terra boa, são perseverantes na frutificação “estes frutificam com perseverança” (Lc.8.15). Falando aos Seus discípulos, o Senhor Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo.13.16).

Conclusão
Olhando para esta parábola, com qual tipo de solo seu coração se identifica? Você ouve a Palavra de Deus, mas, seu coração permanece insensível e incrédulo? Ou você recebeu a Palavra com tanta alegria, mas, esqueceu-se de que é necessário lançar raízes profundas para suportar as lutas e provações sem esmorecer na fé? Ou você começou a frutificar, mas seu coração abandonou os frutos quando estes ainda estavam verdes e aos poucos você os trocou por coisas do seu próprio interesse? Pela misericórdia de Deus, rogo que o seu coração seja o que é representado pela boa terra, pois só assim você saberá que o “mistério do Reino” também foi revelado a você e que agora você faz parte do Reino de Deus.

Sermão proferido em São José dos Campos, 05/08/07
Pr.Olivar Alves Pereira

Sunday, July 15, 2007

Quando a Tristeza Nos Assalta

Quando a Tristeza Nos Assalta
Leia Ne.1

O texto que acabamos de ler situa-se entre os meses de novembro e dezembro (mês de quisleu) do ano 446 a.C. aproximadamente. Era o vigésimo ano do reinado de Artaxerxes I. A cidade de Jerusalém se encontrava totalmente devastada desde que Nabucodonosor, rei da Babilônia a invadira por volta 608 a.C. O império Babilônico caíra e em seu lugar levantou-se o império medo-persa que nos tempos de Neemias era regido por Artaxerxes I.
Neemias recebeu então alguns de seus compatriotas, os quais lhe relataram a triste situação em que se encontravam alguns judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio; também lhe informaram sobre a situação decadente de Jerusalém. Ao ouvir essas notícias, Neemias foi assaltado por uma profunda tristeza na sua alma.
Quando li esse texto em minhas meditações pessoais, percebi que estamos sujeitos a essa mesma situação, a saber, sermos assaltados por uma tristeza que consome a nossa alma. Por isso mesmo quero meditar com os irmãos sobre: Quando a tristeza nos assalta.
Há momentos em nossa vida que somos assaltados por uma tristeza terrível que nos consome o coração. Então, o que devemos fazer? Neste momento em que somos assaltados pela tristeza devemos entender que temos em nossa frente uma excelente oportunidade para:

1) Buscarmos mais comunhão com Deus, v.4 e 6a
Assim que fora informado da situação de Jerusalém e seus habitantes, profundamente afetado pela tristeza, Neemias pôs-se a buscar ao Senhor por meio do jejum e da oração: “...e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (v.4).
Deveríamos ver os momentos difíceis da nossa vida como uma excelente oportunidade para aprofundarmos mais em nossa comunhão com Deus por meio da oração e jejum. É importante lembrarmos que oração e jejum são antes de tudo meios para obtermos mais comunhão com Deus.
É certo que a oração e o jejum são meios pelo quais expomos diante de Deus nossas necessidades e carências; mas a oração e o jejum expressam nossa necessidade maior: o próprio Deus.
Se você estiver passando por um momento assim em sua vida, aproveite para intensificar ainda mais a sua comunhão com Deus. As tribulações na vida do crente preparam seu coração para depender mais da mão de Deus.
Infelizmente, em nossos dias tanto a oração quanto o jejum são encarados de forma utilitária apenas. Mas, o crente que usa corretamente essas “ferramentas” é abençoado por Deus. Quando estamos em comunhão com Deus sempre saberemos como e quando agir porque Ele nos orienta e nós aprendemos a distinguir a Sua voz entre tantas outras neste mundo.
Mas, os momentos de tristeza em nossa vida também são uma boa ocasião para:

2) Recordarmos a fidelidade de Deus, v.5
Quando intensificamos nossa comunhão com Deus, inevitavelmente, recordamos a fidelidade Dele para com a Sua Palavra. Ele prometeu, Ele cumprirá.
Recordando a misericórdia de Deus, Neemias disse: “Ah! SENHOR, Deus dos céus, Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!” (v.5). Duas palavras aqui merecem destaque: aliança e misericórdia.
Deus sempre se relacionou com Seu povo por meio de alianças. No Antigo Testamento temos várias alianças que Deus fez com Seu povo, aliás, o Antigo Testamento também é chamado de Antiga Aliança. Sempre que Ele fazia uma aliança (pacto, acordo) com Seu povo, Ele estabelecia normas para este cumprir e em contrapartida fazia promessas: bênçãos pela obediência, e, maldição pela desobediência. Nos tempos antigos toda aliança envolvia o sacrifício de algum animal que geralmente era comido pelas partes pactuantes. Quando Deus estabelecia uma aliança com algum servo Dele, exigia um sacrifício.
Hoje, estamos sob a Nova (e última) Aliança de Deus conosco. Esta aliança tem como base sacrifício o Senhor Jesus Cristo, daí o porquê Ele dizer que o cálice da Ceia é “o cálice da Nova Aliança no meu sangue” (Mt.22.20).
Quero chamar a sua atenção para o fato de que se Deus cumpriu rigorosamente as promessas das antigas alianças que tinham como base o sangue de animais, não cumprirá as promessas que fez na Nova Aliança a qual tem como base o sangue de Seu Santo Filho Jesus?
Neemias conhecia Deus e sabia perfeitamente da Sua fidelidade para com o que Ele prometera. Daí também o fato de evocar a misericórdia de Deus, pois ele sabia perfeitamente que Deus socorre àqueles que por Ele clamam e aguardam a Sua salvação.
Se você estiver passando por um momento assim em sua vida, convido-o a olhar para a fidelidade de Deus e para Sua misericórdia. Ele nunca abandonou você e não será agora, muito pelo contrário, Ele cumprirá o que lhe prometeu. Recorde-se dessas verdades nos momentos em que a tristeza assaltar a sua alma.
Deus é misericordioso, e nos momentos em que a tristeza nos assalta também encontramos uma oportunidade singular para refletirmos sobre nossa vida, e especialmente refletirmos sobre os pecados cometidos. Daí esses momentos serem para nós uma boa oportunidade para:

3) Clamarmos o perdão de Deus, v.6b – 11
Enquanto orava a Deus, Neemias não foi hipócrita e nem fingido diante de Deus. Ele compreendeu que o povo judeu havia pecado contra Deus e por isso fora duramente castigado com o exílio. Além disso, eles ainda estavam amargando as duras conseqüências desse pecado. Daí, enquanto orava, Neemias disse: “e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti...” (v.6).
Deus é justo para com o pecado; Ele pune mesmo! Porém, quando o pecador se arrepende e humildemente pede o perdão de Deus, ele o dá.
Neemias entendia perfeitamente que pela qual a razão do povo estava sofrendo tudo aquilo estava na sua desobediência mesmo. E assim também tem acontecido conosco. Muitas das nossas tristezas e sofrimentos são frutos da nossa desobediência e pecado. Jamais superaremos essas tristezas enquanto não confessarmos a Deus os nossos pecados e clamarmos o Seu perdão.
Deus é misericordioso e Neemias sabia disso tanto que na sua oração lembrou da promessa de Deus conforme está registrada nos v.8 e 9.
Não importa qual tenha sido o seu pecado e quantas dores este lhe trouxe, o que você deve fazer agora é se aproximar de Deus com humildade e arrependido e clamar o Seu perdão. Um coração contrito e sincero Deus não desprezará (Sl.51.17).

Conclusão

O desafio que fica para todos nós com essa palavra é aprendermos a valorizar os momentos difíceis da nossa vida, pois é especialmente neles que Deus trabalha em nosso coração e nos molda para melhor servi-Lo e para o nosso bem.
No amor de Cristo, amém!

Sermão proferido em São José dos Campos em 15/07/07
Pr.Olivar Alves Pereira